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COMO FAZER "A SUA" FACULDADE DE MODA


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Você já se pegou pensando: “Será que realmente vale a pena fazer uma faculdade de moda, se 70% das matérias não conversam com o que eu quero estudar?” Se essa dúvida já bateu forte em você, saiba que não está sozinho(a).


Muita gente que sonha em migrar para o universo da moda percebe cedo que um curso universitário tradicional pode ser limitador. É claro: uma graduação pode ser valiosa, especialmente em alguns contextos. Mas se você não se identifica com a maior parte das disciplinas, o risco é se frustrar e gastar tempo (e dinheiro) sem ver retorno real.


Entretanto devo fazer um adendo, pois posso falar com absoluta propriedade sobre isso, já que como professora universitária apaixonada pelo ensino e, atualmente, doutoranda, sei bem o quanto o processo de estudar faz a diferença na formação de qualquer profissional. A experiência de cursar uma graduação, além de proporcionar uma base sólida de conhecimentos técnicos e teóricos, desenvolve habilidades fundamentais como pensamento crítico, autonomia e disciplina.


A graduação não é apenas um diploma, ela é uma oportunidade de ampliar horizontes, de se transformar, de entender o contexto histórico, social e cultural de uma área. No meu caso, ao estudar moda na universidade, pude não somente aprender sobre tecidos, tendências e história, mas também desenvolver uma visão mais aprofundada e crítica sobre o papel da moda na sociedade.


Estudo e pesquisa ajudam a consolidar conceitos, a questionar o que parece óbvio e a criar uma visão contextualizada e inovadora. A formação acadêmica é uma ferramenta poderosa que potencializa a sua carreira e te prepara para atuar com maior segurança, autonomia e criatividade.


No entanto, entendo que nem todo mundo se encaixa na estrutura tradicional do ensino. E, mesmo assim, isso não significa que o aprendizado deve parar. Pelo contrário: hoje, o universo online oferece possibilidades incríveis de construir uma formação feita por e para você, alinhada aos seus objetivos reais, seja na moda ou em qualquer outro campo.


Então vamos aqui explorar e ver como você pode criar sua própria “faculdade personalizada” e dar passos concretos na construção de uma trajetória de sucesso, sem precisar seguir um caminho padrão.


O convite deste texto é: pensar em uma formação independente em moda, que une livros, museus, cursos livres, vivências práticas e ferramentas digitais. Uma formação tão sólida quanto (ou até mais) do que um diploma formal.


Mas antes de montar esse “currículo pessoal”, vale lembrar: a moda nunca foi uma só.


Historicamente, muitas das grandes referências da área não passaram por cursos formais de design. Coco Chanel aprendeu costura trabalhando em ateliês. Cristóbal Balenciaga desenvolveu sua técnica quase de forma autodidata, construindo vestidos desde a infância. Issey Miyake estudou artes plásticas antes de mergulhar na moda.


Hoje, além de estilistas, há jornalistas, curadores, pesquisadores, consultores e criadores de conteúdo que trabalham com moda sem terem passado por um curso universitário específico. O ponto em comum? Todos construíram suas próprias “faculdades pessoais”, selecionando áreas de estudo, fontes de pesquisa e experiências de aprendizado.


Ou seja: você não precisa esperar a chancela de uma instituição para se tornar alguém relevante no setor. Precisa, sim, de curiosidade, disciplina e referências certas.


POR ONDE COMEÇAR? A PERGUNTA ESSENCIAL


Antes de escolher livros, cursos ou museus para visitar, faça uma pergunta simples e poderosa:

O que eu quero alcançar com meus estudos em moda?

  • Você busca uma carreira (como estilista, jornalista, consultor, gestor de marca)?

  • Quer aprender habilidades específicas (como costura, desenho, fotografia, marketing digital)?

  • Ou deseja apenas expandir seu repertório cultural, entendendo a moda como linguagem e fenômeno social?


Ao responder, você cria um norte claro. E a partir daí pode estruturar uma faculdade só sua, com disciplinas básicas, específicas e complementares.


DISCIPLINAS INTRODUTÓRIAS: O ALICERCE DA SUA FORMAÇÃO


Mesmo que você queira se especializar em um nicho (como marketing, styling ou design de acessórios), é importante ter uma visão ampla do sistema da moda. Pense nisso como o ciclo básico da sua faculdade personalizada e se conseguir, invista nos livros que indico em cada uma das áreas:


História da Moda


Entender a evolução da indumentária é fundamental. Como o Barroco moldou os excessos? O que significou o surgimento da alta-costura com Charles Frederick Worth? Por que o prêt-à-porter revolucionou a indústria?


Tecidos e Materiais


Não há moda sem matéria. Conhecer fibras naturais (algodão, lã, seda), artificiais e sintéticas ajuda a entender durabilidade, caimento, custos e impactos ambientais. O livro Guia prático dos tecidos te ajudará a aprender este tópico.


Sustentabilidade


A moda é a segunda indústria mais poluente do mundo. Estudar sustentabilidade significa compreender impactos sociais, ambientais e econômicos, e pensar alternativas como upcycling, slow fashion e design circular. A sugestão de livro que aborda os impactos é Fashionopolis, de Dana Thomas.


Tendências e Forecasting


Afinal, como uma cor, uma silhueta ou um acessório se tornam “tendência”? O estudo de comportamento, análise de mercado e leitura de sinais culturais são ferramentas essenciais para prever e interpretar o novo. Esse tema é abordado em The Trend Forecaster’s Handbook .


DISCIPLINAS ESPECÍFICAS: PERSONALIZANDO SEU PERCURSO


Agora vem a parte divertida: escolher as matérias específicas para o seu interesse.

  • Marketing e Branding de Moda: aprenda estratégias de posicionamento, gestão de redes sociais, storytelling e identidade de marca.

  • Vendas e Varejo: estude comportamento do consumidor, experiência de loja, e-commerce e visual merchandising.

  • Styling e Imagem: explore composição visual, semiótica, fotografia e direção criativa.

  • Design e Modelagem: se for sua praia, mergulhe em moulage, desenho técnico, alfaiataria e tecnologia têxtil.

  • Jornalismo e Crítica de Moda: entenda como escrever, editar, analisar desfiles e dialogar com cultura visual.

Cada área tem sua própria bibliografia, cursos online e referências. O segredo está em não se perder no excesso de informação, mas construir uma trilha coerente com seus objetivos.


O APRENDIZADO FORA DA SALA DE AULA


Aqui está um ponto crucial: moda não se aprende apenas em livros.


  • Museus: o Palais Galliera em Paris, o MET Costume Institute em Nova York, o Victoria & Albert Museum em Londres, ou ainda, o museu da sua cidade são verdadeiras “salas de aula” vivas. Cada detalhe exposto, seja um bordado, um corte, um tecido raro, é uma lição. Você também pode ver o acervo online desses museus!

  • Exposições temporárias: às vezes, uma mostra pontual pode mudar o olhar de um estudante mais do que um semestre inteiro de aulas.

  • Arquivos digitais: hoje temos acesso a catálogos do Vogue Archive, bases como a Europeana Fashion e coleções digitalizadas de bibliotecas nacionais.

Visitar, observar, registrar: esse processo expande o olhar crítico e conecta teoria com prática.


APRENDER FAZENDO


Outro pilar da sua “faculdade particular” é colocar a mão na massa.

  • Aprenda costura básica: mesmo que você não queira ser modelista, entender a construção da roupa muda completamente a forma como você enxerga design.

  • Treine fotografia e styling: montar editoriais caseiros, experimentar composições, brincar com a luz e com o corpo.

  • Crie projetos autorais: um blog, um perfil no Instagram, uma zine, uma pesquisa sobre história da moda. Nada substitui a prática criativa.


A VANTAGEM DA FORMAÇÃO INDEPENDENTE


Claro que uma faculdade tradicional tem seu valor, ela oferece rede de contatos, professores, estágios. Mas a formação independente traz outras vantagens:

  • Flexibilidade: você estuda no seu ritmo, foca no que faz sentido.

  • Atualização constante: não depende de currículos engessados, acompanha o presente.

  • Custo acessível: pode combinar cursos livres, livros e experiências sem investir fortunas.

  • Identidade própria: seu percurso não será igual ao de ninguém.

Em um mundo onde a moda exige autenticidade e repertório, esse caminho pode ser até mais potente.


A verdade é que não existe apenas um jeito de estudar moda. Existe o jeito que funciona para você.

Construir sua própria faculdade é assumir o protagonismo do seu aprendizado, combinando história, técnica, teoria e prática de acordo com seus objetivos. É olhar para livros e museus como professores, para a internet como laboratório, para sua curiosidade como motor.


No fim das contas, a pergunta não é “vale a pena estudar moda sem faculdade?”.A pergunta é: “como eu posso criar a faculdade que a moda merece em mim?”


Ah, e aproveite que aqui no blog eu tenho uma série de posts com essa temática! Um beijo e até o próximo post!





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