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PALAIS GALLIERA: UMA HISTÓRIA SOBRE A MODA



Estava com saudades de visitar o Palais Galliera, este que é um dos maiores museus de moda do mundo, com um acervo gigante e riquíssimo. A última vez que estive foi em 2017 e contei aqui os detalhes para vocês. Amo museus de moda, pois eles oferecem uma experiência única, permitindo que os visitantes explorem e apreciem a riqueza cultural e histórica por trás das peças expostas.



Neste ano, Paris estava repleta de outdoors - de mêtros a ônibus, a exposição mais divulgada era essa, que traça a história do Palais Galliera e suas coleções. Nesta exposição que é uma espécie homenagem ao acervo do museu, vamos evoluindo em um percurso cronológico e temático, e durante essa jornada, as histórias da moda se entrelaçam, exibindo peças que abrangem desde o século XVIII até os dias de hoje. Registrei os vídeos da exposição ao vivo pelo Instagram, razão pela qual não tirei muitas fotos para compartilhar aqui no blog.


Os itens expostos, precisamente 350 peças, estavam organizados em uma seção cronológica, onde os detalhes de cada período eram abordados. Então tinha desde as estampas do século XIX até os vestidos de cocktail da década de 1950, dos ricos materiais e decorações da década de 1920 ao minimalismo dos designers belgas e japoneses a partir da década de 1980.



Paralelamente, surge a história da coleção do acervo do museu, cuja conservação e apresentação ao longo do tempo testemunham a tradição do museu e o importante papel do Palais Galliera no estudo da história da moda.


As grandes exposições e as aquisições notáveis do museu são destacadas, desde a primeira doação que o museu recebeu, até as mais recentes. E por esse motivo muitas das peças que vi já não eram novidade, pois essas peças além de expostas em outras exposições, também são emprestadas para outros museus. Mas mesmo assim é sempre interessante ver a seleção escolhida pelos curadores e a história por trás de cada peça.



Algumas peças expostas chamaram minha atenção, como essa de Balenciaga, o "Robe habillée et ceinture, Printemps-eté 1944". Como é sabido (pois sempre comento nas aulas de moulage), a Alta Costura sofreu durante a ocupação nazista em Paris, e com isso maisons como Balenciaga foram duramente vigiadas, sendo obrigada a fechar as portas, devido as restrições impostas pelos alemães e também em função do racionamento causado pela guerra.


Essa peça é resultado da silhueta típica desse momento: A saia curta na altura dos joelhos refere-se ao racionamento do tecido desde 1941 e também as novas práticas adotadas pelas mulheres, que naquele momento cumpriam as funções dos maridos, já que muitos estavam servindo o exército. Sendo assim elas precisavam de roupas que possibilitassem andar de bicicleta e caminhar. Outro detalhe da época presente nessa peça é o uso do rayon, uma fibra artificial à base de celulose, que substituia a seda, já que ela estava escassa na época.



A coleção de convites de desfiles foi uma surpresa pra mim, eu nunca tinha visto um acervo tão grande. Também foi interessante ver todos juntos e comparar o conceito de cada marca e a criatividade dos designers. Um exemplo é esse convite da Maison Martin Margiela: O convite era um prato!


Na verdade, Margiela desde sempre explorou os convites criativos em seus desfiles, foi ele quem começou com essa tendência. Desde sua primeira apresentação em 1989 - quando eles enviaram telegramas para os convidados, Margiela que é conhecido por sua abordagem desconstrutivista e gosto por upcycling, tem consistentemente criado convites tão inovadores e criativos quanto suas coleções.



Uma outra surpresa foi o trabalho de François Hugo, que era bisneto de Victor Hugo, e era conhecido como o ourives dos maiores artistas tais como Jean Cocteau, Max Ernst, Pablo Picasso, entre outros. Ele criou joias, esculturas e até pratos para eles.


No entanto, sua carreira também está intimamente ligada ao mundo das bijuterias e dos botões de Alta Costura, já que criou peças especiais para Gabrielle Chanel. Após, passou a criar para Christian Dior e especialmente para Elsa Schiaparelli, onde faz criações mais ousadas.


Em 2021 o museu recebeu uma generosa doação do filho de François, com cerca de 925 botões, datados de 1940 a 1952. Estas obras revelam toda a criatividade do pai, bem como a variedade de técnicas e materiais utilizados (cerâmica, metal, vidro, couro, madeira, pedras duras, esmalte, madrepérola, etc).


Vocês sabem que sou louca por botões né? E alguns anos atrás já tinha visitado uma loja especial de botões também aqui em Paris.



Para finalizar não podia deixar de falar do livro da exposição. Embora esteja sempre no limite de bagagem, acabei comprando porque além de mostrar o acervo, no livro também tem as histórias das peças, ou seja, um material essencial na minha coleção de livros.



E me despeço por aqui, espero que você tenha gostado desse conteúdo. Caso queira explorar mais museus, tem a categoria "Exposições", onde sempre posto as visitas que faço nos museus de moda pelo mundo. Beijos e até o próximo post.


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