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PARIS, ALTA-COSTURA, BORDADOS COM OURO E MOULAGE

Conteúdo especial para assinantes



Antes de começar a reflexão do mês, gostaria de expressar minha gratidão pela sua presença aqui novamente! Este espaço não apenas é reservado para minha comunidade, mas também é um lugar especial onde consigo organizar minhas ideias. Escrever esta newsletter me ajuda a colocar os pensamentos no papel e a começar a vislumbrar soluções futuras. E é claro que nada disso seria possível sem a minha audiência para acompanhar.

Na terça-feira, realizei uma enquete no meu Instagram para saber qual seria o tema deste mês, e o mais votado foi Alta-Costura e Bordados.

Vou "costurar" toda essa temática com a newsletter anterior e também com as reflexões que surgiram após visitar a Première Vision, passar por Santa Catarina e conversar com os alunos - profissionais nas maiores empresas de moda do país - entre outras experiências e diálogos que tive com pessoas de diversos segmentos da moda no mês de fevereiro.

E começo por Paris, essa cidade e nação que souberam, através de um marketing muito bem construído, tornar-se referência em várias áreas, especialmente na que mais nos interessa: A MODA.

 

A moda na França, e mais especificamente em Paris, sempre contou com o apoio e o olhar do governo, desde os primórdios. Se você ler qualquer livro sobre a corte francesa ou sobre Maria Antonieta, a rainha da moda, compreenderá melhor essa questão. 

Após a corte, outro momento na história teve envolvimento político que fez com que até alguns hábitos, que algumas pessoas ainda mantêm, como o de não repetir roupa, tivessem um viés político por trás.

Deixo aqui sugestão do livro na Amazon e também do filme, aproveitando que amanhã é sábado, o filme é uma ótima dica para estudar o figurino da época e entender como esse episódio contribuiu para a história da moda.



E por falar em história da moda, vou deixar aqui uma aula que teve uma ótima repercussão na época que fiz, que é justamente ensinando como estudar moda em casa. Com essa aula você pode criar o seu próprio cronograma de estudos. 

Sempre saliento a importância de estudarmos história da moda, seja qual for nossa área de atuação dentro da moda. Conhecer os momentos mais marcantes e o contexto histórico nos ajuda a entender as tendências e prever o futuro, pois tudo se repete! 



A moda é política!

Pois bem, ainda sobre essa questão, relacionei com um livro recente que li sobre o fato de o Brasil não ter produtos de luxo. Isso não está ligado apenas à forma como os produtos são feitos. Temos mão de obra de extrema qualidade e matéria-prima em abundância. O que faltou no nosso caso foi um olhar político e mercadológico, simples assim. Ah e o livro é esse aqui.

Então, por esses e outros motivos, ainda vamos a Paris para observar o que está acontecendo no mundo da moda e da alta costura. É lá que as tendências são ditadas.

Vamos relembrar o que é Alta Costura? Alta-costura é produzida somente em Paris, no Triângulo de Ouro. Deve empregar no mínimo 20 profissionais na área de costura e modelagem em tempo integral, e todas as peças devem ser feitas nos ateliês, ou melhor, em Paris. Assim como o champanhe. Já imaginou o Champanhe da região de Champagne na França, cujas uvas são importadas de Bento Gonçalves, no sul do Brasil? Não dá né?

Pois então, na Première Vision, visitando alguns fornecedores variados, dentre eles a parte de bordados, ví que marcas renomadas fazem parte dos seus bordados na Índia. Já havia visto no passado uma notícia sobre itens de couro feitos na Itália usando mão de obra escrava de imigrantes, e de verdadeiras colônias de chineses trabalhando em regiões italianas apenas para obter o selo "made in Italy". É um caso antigo que foi noticiado em 2010, mas que infelizmente é uma realidade no mercado do luxo, conforme você poder ler aqui. 

Dana Thomas em seu livro "Deluxe: Como o luxo perdeu seu brilho" também menciona que é uma prática comum de marcas de luxo produzirem em países subdesenvolvidos e colocarem etiquetas com outra procedência.

Este é um jogo muito complicado e eu, como amante da moda e da alta costura, me sinto enganada. Ok, entendo que não há mão de obra especializada e que a clientela mudou, mas o que caracterizava a Alta Costura está se perdendo.

Sempre comento que na França, ou melhor, em Paris e até pela Europa, não existe essa cultura da costureira que faz ajustes a um preço irrisório. Esse tipo de mão de obra simplesmente não existe lá e também está escasso no Brasil.

Andando pelas ruas de Jaraguá, é comum ver placas nas empresas solicitando costureiras. Costureiras e modelistas são hoje as áreas que recebem melhores remunerações.​ Atualmente não se trata apenas de pensar na roupa, mas sim na sua construção.

Portanto, vejo que estamos caminhando para algo semelhante ao que acontece em Paris, onde um molde feito em moulage custa cerca de 500 euros e um bordado chega a 50.000,00 euros.

Agora, adentrando o tema do bordado, vou contar em primeira mão aqui para vocês sobre o trabalho do Bruno Silva.

Conheci Bruno por indicação do Atelier Sara, onde o Antoine, proprietário do atelier, falou com muita empolgação sobre um parceiro do atelier que fazia bordados incríveis e que era brasileiro.

Foi engraçado, porque logo após falar com Antoine, Anderson Neves, um aluno querido e extremamente talentoso, proprietário do atelier homônimo, também mencionou Bruno.

Desde 2022 tento encontrar com Bruno, mas nossas agendas não permitiam. Felizmente, neste ano não só conheci Bruno e seu atelier, como também tive a alegria de passear com ele por Paris e conhecer as lojas mais importantes de aviamentos.

Vou dedicar um post exclusivo sobre Bruno, contando sobre sua trajetória até chegar aos bordados e como é sua rotina no atelier.

Mas aqui quero salientar especialmente o quanto um profissional criativo, com habilidades técnicas e um repertório vasto, pode alcançar lugares inimagináveis, como Bruno alcançou e como ainda alcançará.

Bruno não "apenas" borda, mas cada bordado carrega uma série de elementos criativos, uma história muito bem contada e que emociona.


Cada bordado, ou seja, cada peça que Bruno faz, demanda tempo de pesquisa e inspiração. Fiquei profundamente tocada ao ver os bordados e conversar com ele em seu atelier, pois durante nossa conversa ele pegou um livro sobre o Louvre, ou compartilhou uma história sobre astrologia, sobre religiões.​



É isso que sempre menciono para vocês, e até na última newsletter: precisamos desenvolver nosso potencial criativo, em qualquer área que seja.


Observando Bruno e seu trabalho, e como ele tem conquistado espaço dentro da Alta Costura, colaborando com o atelier Sara na confecção de peças que vemos por aí, isso me enche de esperança.


E para arrematar o tema Alta Costura, vou liberar uma aula de moulage que acho que tem total relação sobre esse assunto: O drepeados!





Também não poderia deixar de dar uma dica de livro sobre o tema Alta Costura:



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