QUAL O PRIMEIRO PASSO PARA TER UMA MARCA?
- Francys Saleh

- 6 de nov.
- 6 min de leitura

Sempre que alguém me pergunta qual é o primeiro passo para criar uma marca, eu poderia facilmente responder: “fazer um logo”, “definir um público”, ou “criar um produto”.
Mas a verdade é que nenhuma dessas respostas é suficiente e, na maioria dos casos, é exatamente por começar por elas que tantas marcas nascem sem alma, se perdem no meio do caminho e desaparecem com o tempo.
O verdadeiro primeiro passo para ter uma marca é entender o porquê ela existe.
Antes de pensar em nome, cores ou identidade visual, é preciso saber o que essa marca quer provocar no mundo, o que ela representa e por que ela merece existir. Parece simples, mas esse é o ponto onde a maioria tropeça porque construir uma marca não é sobre estética, é sobre sentido.
O propósito é o ponto de partida, já que uma marca nasce quando alguém decide colocar no mundo algo que reflete sua visão, seus valores e o modo como enxerga a vida. É um espelho do criador e também um convite para que outras pessoas se reconheçam nesse reflexo. Por isso, o propósito é a fundação.
Quando eu falo em propósito, não me refiro a frases prontas do tipo “quero inspirar pessoas” ou “quero fazer a diferença”. Falo de algo muito mais profundo: qual dor você resolve, qual transformação você oferece, e qual história existe por trás da sua criação.
Se a sua marca fosse uma pessoa, qual seria a sua personalidade? O que ela diria, o que ela vestiria, o que ela nunca faria? Essas perguntas ajudam a tirar a marca do papel e trazê-la para o campo da vida real, com alma, voz e presença.
Marcas que têm alma duram mais, e ao longo dos anos, trabalhando com moda, imagem e posicionamento criativo, percebi um padrão: as marcas que se sustentam no tempo são aquelas que têm uma base emocional muito bem construída. Elas não vendem só produtos, elas vendem significados.
É isso que faz com que as pessoas se conectem de verdade. Uma bolsa pode ser só uma bolsa, ou pode ser um símbolo de pertencimento, um gesto de autoexpressão, uma extensão de uma história pessoal. A diferença está em como a marca comunica esse valor.
Quando o propósito é claro, cada detalhe comunica a mesma mensagem: da modelagem ao atendimento, da etiqueta à forma como você fala nas redes. Tudo se alinha, tudo vibra a mesma frequência.
A pressa é inimiga da essência e eu vejo muita gente querendo começar pela parte visível: criar um logo, abrir um Instagram, lançar um produto. Mas sem clareza de propósito, nada se sustenta. É como construir um castelo de areia: pode até ficar bonita no início, mas o tempo derruba.
Antes de qualquer ação externa, é preciso fazer o trabalho interno, que é aquele que exige olhar para dentro, entender sua trajetória, seus valores e o motivo que te move.
Eu costumo dizer que criar uma marca é um processo muito mais emocional e psicológico do que técnico. É sobre autoconhecimento, sobre entender o que te faz única e transformar isso em linguagem, produto e experiência.
O que ninguém fala é que uma marca não nasce de um plano de negócios. Ela nasce de uma história pessoal bem resolvida. É por isso que eu sempre incentivo minhas alunas e mentoradas a revisitarem o que viveram, o que aprenderam e o que desejam construir.
A estética, o design e o branding, tudo isso vem depois. Primeiro vem a clareza.
E essa clareza não surge da pressa, mas de um processo guiado, onde você entende o que está fazendo e por quê.
A importância de ter método e direção. E é aí que entra a mentoria. Muita gente me procura depois de meses tentando fazer tudo sozinha: escolheu um nome, contratou um designer, abriu uma loja online, mas sente que a marca “não tem cara”, ou que “não tem nada a ver comigo”. Isso acontece porque faltou método.
Na minha mentoria, o primeiro módulo é justamente sobre isso: encontrar o propósito e o DNA criativo da marca. É um processo de imersão guiada, onde eu te ajudo a conectar a sua história pessoal com a narrativa que a marca precisa contar.
A gente trabalha com arquétipos, valores de marca, repertório visual, referências culturais e direcionamento criativo, tudo de forma prática, para que você consiga ver sua marca ganhando forma com coerência.
E mais importante: sem fórmulas prontas. Porque cada marca é única, assim como cada trajetória.
Propósito + Estratégia = Marca com presença
Depois que o propósito está claro, vem o segundo passo: traduzir esse propósito em estratégia.
É aqui que a marca começa a ganhar corpo no discurso, nas cores, nas imagens, na maneira de vender e de se posicionar no digital.
Uma marca com propósito e estratégia não precisa forçar vendas, porque ela já comunica valor por si só. As pessoas não compram apenas o que você faz, mas o porquê você faz.
E quando esse “porquê” é autêntico, ele se torna irresistível e o mercado está cheio de exemplos, olhe ao redor para os nichos que você mais se identifica: do fitness ao quiet luxury!
O erro mais comum de quem está começando é olhar demais para fora e de menos para dentro.
É normal buscar referências, se inspirar em outras marcas, estudar concorrentes, mas o problema é quando isso vira cópia, comparação e bloqueio criativo. E também algo que eu sempre menciono: de que adianta criar algo copiado e sem prepósito para determinado público? Esses dias dei um exemplo no meus stories de como as europeias se vestem de forma proposital para o que vivem: mudanças bruscas de temperatura, transporte público ou longas caminhadas. É algo pensado para o clima e cultura local, e quando nós brasileiros apenas copiamos as tendências sem adaptar, fica algo desconexo, sem alma.
Toda marca verdadeiramente original nasce da coragem de olhar para a própria história.
E é isso que eu ensino nas minhas mentorias: como transformar vivências em conceito, e conceito em posicionamento.
A originalidade não está em fazer algo que ninguém fez, mas em fazer do seu jeito, com a sua assinatura.
Quando você entende isso, para de competir e começa a construir.
Então, se você está no momento de começar uma marca, o meu conselho é: pare e escute o que está dentro de você. Pergunte-se o que quer comunicar, o que quer mudar e o que quer deixar como legado.
A partir daí, cada escolha, seja do nome à embalagem, vai ter um motivo real por trás. E é isso que diferencia uma marca de um simples negócio.
O primeiro passo para ter uma marca não é criar algo que venda. É criar algo que faça sentido. E quando o sentido é verdadeiro, o sucesso é consequência.
E se esse post te fez pensar na sua marca, no seu propósito ou no seu desejo de começar algo com mais profundidade, eu quero te convidar para dar o próximo passo.
Na minha mentoria, eu te guio por todas as etapas da construção de uma marca com propósito, desde a clareza do seu DNA até o posicionamento estratégico. É um processo feito sob medida, com acompanhamento individual, exercícios práticos e toda a base teórica e estética que eu uso com centenas de alunos ao redor do mundo.
É o espaço onde você aprende a transformar a sua história em um projeto sólido, coerente e autoral.
Porque ter uma marca não é sobre ter um logo. É sobre ter uma voz. E a sua voz, quando bem lapidada, pode se tornar o seu maior ativo.
E claro que eu não poderia deixar de te indicar livros que vão te ajudar nesse processo de autoconhecimento e construção de propósito:
A Moda Imita a Vida – André Carvalhal Carvalhal aprofunda o olhar sobre a relação entre moda, comportamento e identidade. O livro revela como as tendências refletem nossos desejos, medos e transformações sociais e como as marcas podem se conectar com as pessoas a partir de narrativas autênticas. É uma leitura essencial para quem quer entender a moda além da superfície e criar com significado.
Moda com Propósito – André Carvalhal Um dos livros mais importantes sobre branding consciente no Brasil. Carvalhal mostra que a moda pode (e deve) ser um instrumento de transformação social, cultural e ambiental. Ele discute o papel das marcas na construção de um futuro mais ético e sustentável, e convida o leitor a repensar o consumo, o design e o impacto das escolhas criativas. Como Criar e Gerenciar uma Marca de Moda – Toby Meadows Um guia prático e direto, usado por escolas de moda no mundo todo. Meadows ensina como tirar uma ideia do papel e transformá-la em uma marca estruturada: planejamento, produto, posicionamento, comunicação e gestão. É o manual ideal para quem quer profissionalizar o sonho e aprender a equilibrar o lado criativo com o estratégico. E comece por este, que não é de moda, mas resume tudo o que eu falei: Porque no fim, toda marca começa quando alguém encontra um “porquê” forte o bastante para mover o mundo, começando pelo seu próprio:
Clássico do pensamento sobre propósito. Sinek explica por que as marcas e pessoas mais inspiradoras do mundo não vendem o que fazem, mas por que fazem. Ele mostra que o propósito é o motor da liderança, da inovação e da conexão emocional com o público. Um livro que, mesmo não sendo de moda, resume perfeitamente o primeiro passo de qualquer marca: começar de dentro para fora.
Espero que tenha gostado, vamos continuar essa conversa lá no meu perfil do instagram @francyssaleh? Um beijo e até o próximo post!
















