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STANFORD E AS METODOLOGIAS DE DESIGN PARA MODA


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Recentemente estive no Vale do Silício, na Califórnia e, claro, não poderia deixar de visitar a Stanford University.

Quem estuda ou trabalha com criatividade sabe que esse lugar é quase um mito: é lá que muitas ideias revolucionárias nasceram e continuam surgindo.


Durante o tour, tive a oportunidade de conhecer o prédio de design da universidade, um espaço que por si só já é um manifesto sobre como pensamos e produzimos inovação. A arquitetura do edifício é aberta, fluida e flexível, não é apenas um lugar para estudar, mas um laboratório vivo, que estimula encontros, trocas e colaborações inesperadas. E isso me fez pensar muito em como os espaços moldam as metodologias de criação, algo que também é central na moda.


O QUE MODA PODE APRENDER COM O DESIGN THINKING?

Em Stanford, um dos conceitos mais difundidos é o Design Thinking, metodologia que nasceu justamente nesses corredores e que hoje é aplicada em todo o mundo.O princípio parece simples, mas é revolucionário: colocar o ser humano no centro do processo criativo.Para a moda, isso significa repensar como criamos roupas, coleções e experiências, indo além da estética e mergulhando no impacto que essas peças têm na vida das pessoas.

Vamos olhar mais de perto cada etapa do processo, trazendo reflexões para a moda:


1. EMPATIA

Tudo começa pela escuta. Entender profundamente as pessoas: seus desejos, dores, sonhos e rotinas. Na moda, isso significa olhar para o vestir não apenas como tendência, mas como linguagem do corpo. Como uma roupa pode dar confiança, representar identidade, ou até mesmo transformar a forma como alguém se posiciona no mundo?


2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Depois de ouvir, é preciso formular perguntas certas. No design, definir o problema é o que orienta toda a solução. Na moda, podemos nos perguntar: “Estamos criando roupas que resolvem necessidades reais? Estamos ajudando as pessoas a se expressarem? Estamos considerando a sustentabilidade desse processo?”.



3. IDEAÇÃO

Aqui entra o momento criativo por excelência: gerar muitas ideias sem julgamentos. Na moda, essa fase pode acontecer em brainstorms, painéis de inspiração, moodboards e experimentações em moulage. A lógica é pensar livremente antes de filtrar, até porque inovação exige quantidade antes de qualidade.


4. PROTOTIPAGEM

É a hora de transformar ideias em algo palpável. No design, isso significa criar modelos para testar. Na moda, é quando a ideia vira toile no manequim, ou uma primeira peça piloto. O protótipo é essencial porque nos tira do campo abstrato e nos faz dialogar com a materialidade do tecido, a queda da peça, a experiência do corpo com o volume.


5. TESTE

Por fim, testamos. No design, esse momento envolve feedback de usuários. Na moda, significa vestir, observar, ajustar, entender como a peça se comporta no corpo e como comunica aquilo que nos propusemos a expressar.

POR QUE ISSO IMPORTA?


O que mais me impressionou em Stanford é como o design thinking não é uma teoria distante, mas uma prática cotidiana. E talvez essa seja a grande lição para a moda: transformar o processo criativo em algo iterativo, aberto, colaborativo e centrado no humano.


Essa metodologia nos lembra que moda não é apenas sobre roupas bonitas, mas sobre experiências significativas: como nos sentimos ao vestir algo, como nos conectamos com a história por trás de uma peça, como a roupa pode transformar o dia de uma pessoa.


Além disso, a interdisciplinaridade, algo que é tão presente no Vale do Silício, é outro ponto crucial. Em Stanford, engenheiros, designers, artistas e empreendedores dividem espaços e projetos. Na moda, também precisamos abrir diálogo com outras áreas: tecnologia, sustentabilidade, sociologia, filosofia, artes. É nesse encontro de visões que surgem novas possibilidades.


Voltei de Stanford com a sensação de que precisamos olhar para o design de maneira mais ampla na moda. Não apenas como técnica ou estética, mas como metodologia de pensar o mundo.


O design thinking nos mostra que criar é, antes de tudo, um ato de empatia. É entender que toda roupa conta uma história e que, se for bem pensada, pode ir muito além do vestuário, ela pode gerar pertencimento, identidade e até mesmo transformação social.


E essa, sem dúvida, é uma conversa que vamos continuar aqui no blog.

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